Arcádia

“O mito não se define pelo objeto da sua mensagem, mas pela maneira como a profere: o mito tem limites formais, contudo não substanciais. Logo, tudo pode ser mito? Sim, julgo que sim, pois o universo é infinitamente sugestivo. Cada objeto do mundo pode passar de uma existência fechada, muda, a um estado oral, aberto à apropriação da sociedade, pois nenhuma lei, natural ou não, pode impedir-nos de falar das coisas.”

Roland Barthes, in Mitologias

“Eduardo Hargreaves trabalha a série de desenhos Arcádia a partir de espaços triviais e cotidianos, evidenciando elementos gerais da estrutura de prédios, casas, espaços urbanos e outros elementos culturais, os quais são trabalhados pelo artista para se transformar, através de um processo de tradução, em espaços que apontam um dentro e um fora da imagem.

Cada desenho remete a um lugar possível, que se interliga de certa maneira pela proximidade estética e técnica, porém mostram não estar conectados a um só espaço, mas fazer menção à um lugar distante, mitológico, ao mesmo tempo que presente e comum.”

Luiz Gustavo Carvalho, sobre a série Arcádia